quarta-feira, 30 de junho de 2010

Devaneios Urbanos

Entendo que cada vez mais, com efeito, a distância entre o que somos e o que um dia pretendíamos ser é maior, então vejo que o egoísmo chega a ser uma questão de amor próprio. E acabo em conclusão fatídica, que se há diferença entre a situação do amante para o amado, amar mais o sentimento que o objeto é apenas uma questão de perspectiva.

Eu gosto de me declarar, de viver um amor eterno. Ainda que os personagens mudem, o amor é estático. Gosto de me declarar, gosta de dar amor, de fazer a pessoa se sentir amada e sem brincar com os seus sentimentos, pois com efeito, digo a verdade, gosto de elogiar e todas as belezas merecem ser amadas, egos precisam de massageados e é fato, que todos têm belezas a serem elogiadas.

Quando os amores acabam, as paixões cessam, o amor não vira ódio, nem raiva, porque é impossível esta mutação de amor em ódio, o que acontece é o desamor e enquanto o amor não vira desamor, as paixões podem ser reconstruídas, vividas.

No momento em que não temos o amor da nossa vida, ele é paixão incessante, luz intermitente, vontade de ser feliz, é objeto razão e justificativa da tristeza e suposta resposta para uma vida melhor. Não existem falhas, contudo, ao ato da conquista se segue a humanização do ser perfeito e amado, defeitos, erros, desencontros. Os amores por maiores, salvadores e eternos, sempre serão amores terrestres, humanos e defeituosos.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Esquinas

Ainda encontro, mesmo sem conhecer,
Aquela que me faz perder o passo
Trocar o degrau,
Olhar para trás.

Ainda me apaixono nos semáforos,
Nos bondes, nas vias.

Confesso ser admirador de mãos de mulheres,
Com traço fortes, sem maciez juvenil,
Sem descaso com as unhas.

Nada me doí mais que mãos calejadas por unhas roídas.

Fatalmente ainda sou atraído com total exorcismo de posse sexual.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dez Cadeiras

Negros e volúpios cachos pesados,
Emolduram a pele morena brasil,
Com olhos de sutil brilho castanho e,
Nariz em contorno faceiro.

Em perfil renascentista,
Com roupas primaveris suaves,
Um semi sorriso de poucos dentes e,
Cachos enrolados pendendo aos ombros.

Os olhos não se cruzam,
As peles não se tocam,
As belezas não se alteram.

Os defeitos habitam a distância entre o real e o imaginário.

terça-feira, 1 de junho de 2010

A vida, o fim, o começo, a morte.

Não compreendo porque sempre o mesmo rebuliço sobre o fim. A morte faz parte da vida. Não é, e nunca será, contra ponto da vida. A morte é parte construtiva do processo de viver. Em termos mais amplos, tudo tem um começo e em breve um fim, entende-se em breve como algo que vai acontecer eventualmente. Embora todo mundo saiba disso, ou tenha uma pequena noção acerca disto, o fim nunca é encarado como algo normal, e não digo isso com o tom de que, "ah, acabou, que bom!" ou "acabou? é, um dia acaba mesmo..", mas a questão que me remete os pensamentos, é o problema de achar que é algo demais e freqüentemente ligado ao erro. Não era pra ter sido ou coisas assim são as soluções, todavia vejo melhor como se tudo tivesse que ser vivido do jeito que é, inúmeros outras pessoas já disseram isso, e outra infinidade de pessoas já concordaram e repetiram as mesmas constatações: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena" ou "Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure", mas sempre as coisas não podem ser vividas deste, ou daquele jeito, senão é desperdício, um erro, e eu não concordo, acho que as coisas não vêm com data de validade, tão pouco tenha carência, onde só pode vir a dar errado depois de tanto tempo de uso. Vejo que pensar como um erro, um desperdício é não ver as coisas boas, e sempre existem coisas boas, senão, não havia começado. Vejo que olhar com este pessimismo faz com que tudo perca a graça e a troca que existiu. As coisas acabam, as luzes se apagam, mesmo assim o brilho nunca é efêmero.