quinta-feira, 30 de julho de 2009

Poço

O desejo da boca é o beijo.
O desejo dos olhos, o pôr do Sol.
O desejo do nariz, as ruas de Outubro onde a maniva ferve.

O desejo dos braços, o abraço.
O desejo da tristeza, a alegria.
O desejo da alegria, a esperança.

O desejo do pescoço, o arrepio.
O desejo dos ouvidos, o sussurro.
O desejo dos pés, o descanço.

O desejo do cabelo, o cafuné
O desejo das unhas, arranhar.

O desejo de viver tudo.

O coração só quer se correspondido.
O amor só quer ser vivido.

domingo, 19 de julho de 2009

- Sem Data -

Lembro-me dela. E a cada memória viva em meus olhos não consigo separar o amor da tristeza. O simples e perfeito fato de viver é ser triste, onde ter saudades é bom, mas machuca demais meu peito que sofre por ela, por a querer agora, por deseja-la para sempre. O para sempre pode ser longe demais, mas o que seria dos amantes senão os sonhos malucos, as incoerências de um amor ainda sem pilares, baseado apenas naquela noite de música, dança e a conversa mais doce e mansa que já pude ter, onde a única luz da razão que banhava o veludo do céu era a Lua, a mais bela delas.

Não sei o que fazer quando dou-me conta e estou sem rumo em minha casa, andando nos cômodos que tanto conheço, porém completamente perdido, seguindo meu faro apurado o perfume conhecido, do momento quando a abraçava e sentia no seu pescoço e no cabelo que ficava a tocar minha face, o cheiro que agora não sei se existe ou é o que resta da minha blusa e minhas mãos que tanto passaram por dentre seus longos e belos cabelos, do seu pescoço esculpido em mármore, perfeito, onírico, das suas mãos, ah que belas mãos...feitas por algum artista renascentista, para combinar com sua boca, lábios de mel, sempre escondendo o sorriso infantil e sorrateiro que sempre foge dos meus olhos apaixonados, não sei se é loucura que me invade, entretanto sei que estou apaixonado, ó meu pai, não quero nem mais sair de minha casa enquanto ela não estiver a meu alcance de novo, porque não há sentido estar na rua senão for para estar com ela.

Sinto-me triste por não poder estar ao seu lado neste exato momento em que escrevo aqui neste meu velho caderno, é...a única coisa que me consola é que ela disse com um muxoxo, na hora em que anunciei minha partida, sua tristeza, mas que iriamos nos ver quando ela voltasse, o que durará em torno de dez dias para nosso próximo encontro, dez dias são uma breve eternidade para quem está na loucura amorosa, o que, se pensar com tato e controle das emoções, sinto-me até então um amante muito feliz, pois a tristeza que me assola faz-se apenas porque eu estou enamorado e tudo o que quero é estar com minha bela andarilha de noites a dentro; minha preocupação é porque não somos um casal, nos conhecemos agora, apesar de eu saber que ela estava lá toda minha vida, que ela ia aparecer onde eu estivesse, ela era para mim, só poderia aparecer onde eu estivesse, todavia o que me pertuba, é pensar que, será que ela acha o mesmo ou nestes dias que nos separam ela poderá encontrar um novo amor, pois ela pode ser para mim, contudo eu posso ser o errado para ela, meu medo é este tenho de confessar...é perdê-la.

Enquanto não chega o momento de nosso reencontro tento não ficar deprimido, apesar de sempre achar e continuar achando até o último dia da minha vida, que a tristeza é a grande companheira do homem durante a eternidade de nossa existência no mundo real ou imaginário, sem ela eu não estaria aqui desabafando através de letras e palavras, eu não teria porque caminhar uma estrada longa e sem mapa, sem bússola, mas afinal, é isto que faz o amor ser o que é, andar para a frente acreditando em nós dois mesmo sem ter provas para tal.

Dez dias ó meu pai, apenas dez dias...


Diários de Fernando Campos Diniz.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Luê Naya

Da lua minguante,
donde os sorrisos nascem.
Sorrisos belos,
com lábios de mel e dentes de luz.

O amor de nós dois
se faz tetrafásico
Durante nossas noites,
nossas vidas.

Irá sair como a nova.
Minguar com um sorriso.
Invadir como a cheia,
e crescer como eu e você.

Assim como as cordas do teu violino
Que em você são coração e alma.
Somos o que procuramos alcançar.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Princesa e o Sol

A princesa do reino das mangueiras,
bela, encantadora, sempre teve tudo.
Tinha tudo, mas não era esnobe,
entretanto todos aqueles que tem tudo a certo ponto se confundem
com o que podem, devem e merecem.

Não queria naquele dia que o Sol nascesse.
Não queria olhar para o Sol, não queria que o Sol a tocasse.

Brigava, chorava, reclamava ao Rei seu pai,
“o Sol é mal, só machuca, quando tocou-me
deixou-me vermelha e ardida, eu só queria que ele
me deixasse mais viva.”

O rei explicava que o Sol era bom,
dava vida, mas vida em excesso também machuca,
por isso as flores precisam de Sol, mas também
precisam de água, pois precisam se hidratar.

A princesa chorava, ardida reclamava, mas estava doida
para olhar seu jardim que não florescia há tempos.
Ora praga, ora chuva demais, ora neve. Não importava.
Seu jardim há tempos não florescia, e logo o jardim herdado de seu mãe.

Rainha cuidadosa, desde sua partida nunca mais uma sequer rosa aparecera.
Nem as lágrimas da pequena princesa fazia germinar flores no já velho jardim.

O Sol neste dia, escondido atrás das nuvens,
porque este sim amava a princesa, escutava
seu choro, suas lágrimas ao chão.
Ao ver que a princesa voltava pisando sobre suas lágrimas
caminhando sobre um calvário decide mostrar seu amor,e se põe ao dia mais ensolarado do ano.

O solstício de verão fez-se.

Ao acordar no outro dia, um dia nublado,
misteriosamente nublado, ela desce, toma seu café.
O rei toma sua mão e a leva sem falar nada para fora do castelo, ela triste, ainda com olhos de uma noite de lágrima o acompanha sem dizer nada.

Ao entrar no antigo jardim de sua mãe ela percebe o milagre, onde não havia nada, apenas sebe, surgiu um belo jardim de Girassóis.
Dos grande e bonitos como sua mãe amava.
Ela não compreendia, não havia nada, nada. Ela ri, chora de alegria, abraça o pai, corre de volta para o castelo e resgata um retrato antigo de sua mãe e o coloca junto as flores.

O Sol neste dia não saiu.
Apenas ficou a admirar o sorriso da princesa, que era encantador.
Por mais que ela não pense no Sol como bom feitor, ele faz-se feliz em saber que fez o dia da princesa melhor.

O Sol neste dia não saiu.
Mas olhou por trás das nuvens a beleza dos Girassóis da princesa.