segunda-feira, 23 de março de 2009

Você

Eu não posso sair porque está chovendo.
Eu não posso mais te amar porque não há mais lágrimas a derramar.

Será que um dia eu conseguirei amar outra pessoa?
Será que um dia eu amarei outra pessoa sem olhar para nossa história?

Eu te amo porque nunca te tive?
Ou o simples fato de nunca ter te tido me faz te amar loucamente?

Posso ser feliz com outra pessoa.
Posso te olhar e não te desejar como aquela que eu mais quero?

Um dia será que eu não mais falarei que largaria todas por você?
Será que minhas pernas deixaram de balançar?

A imagem de nossa vida daqui a 20 anos um dia sumirá?
Nosso casamento, filhos e casa de cerca branca.

Com você eu quero manter a conversa mansa.
A luz difusa da memória à de consumir todo o irreal.

Até restar eu e você, assim, como hoje.
Aí, aqui, quem sabe um dia lá.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Amar-te-ei

Amor. Relacionamentos e sua beleza. Sabe, eu amo relacionamentos e toda sua química e mistério, tudo aquilo que te faz perder o fôlego, sentir as borboletas no estômago. Apesar de achar que os seres vivos vieram ao mundo para sofrer, pois nada tem seu real valor determinado sem dor, acredito que ser feliz é sempre bem vindo.

Amar com sofrimento é algo gostoso. Quem de todos aqueles que em uma fossa amorosa não procurarm as músicas mais tristes, e se internaram no seu quarto escutando a música do ex-casal, lembrando do sorrisos que não mais existem?

Amar é bom, mas sofrer por amor é algo que a meu ver, se não maravilhoso, é essencial para um verdadeiro caso. As lágrimas do amor, as músicas tortuosas, as fotos com sorrisos falsos, cartas envelhecidas embalsamadas em perfumes, hoje, nausenates. Os presentes odiados, todavia nunca jogados fora. Aquela velha caixa em cima do armário, cheio de antigos retratos de uma vida póstuma. Tudo remechido para alfinetar o seu coração e sentir aquela dor que é restrita à quem ama.

A vida tem destas coisas, e sofrer por amor é umas das mais belas. Quem não sofre por amor ainda não está pronto para amar. Pois ao final de todo este sofrimento, dobrando a esquina, com certeza, estará o seu novo amor, e com ele a esperança de nunca mais sofrer, que é a grande energia de amar, nunca mais sofrer por amor, mesmo sabendo que amar é sofrer. Na esperança de ser aquele sofrimento gostoso que é curado no mais simples olhar da pessoa amada.

Ante todas as dores de amor à solidão de nunca amar ninguém e tão pouco ser amado.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Mal'umor

Nunca pensei que o ato de estar de boca cerrada causaria um enorme mal humor. Ou mal'umor como dizem os antigos. Engraçada como nossos avós tinham esta tendência a suprimir certas sílabas, unindo duas palavras. Mal'umor, mal'agradecido, na verdade percebo que são apenas palavras com prefixo mal e de cunho não muito vanglorioso. Divagando.

Estou de boca fechada. De verdade. Pequeno ato cirúrgico devido a uma fratura de mandíbula, fez com que eu cerrase minha boca com placas de metal e uns arames que as unem. Deste modo não posso falar, ingerir sólidos ou qualquer coisa que eu tenha de abrir a boca, quiçá rir sem incômodo. O que me dói é pensar nos meus cigarros após minhas refeições.

Minha alimentação se resume a sopas e vitaminas que sofrem sucção por um processo longo, demorado e as vezes doloroso através de um canudinho. Sim isso mesmo, tomo líquidos o dia todo. E isto está me causando muito mal humor. Sem falar, sem protestar, viro vítima de tudo o que me lançam, queria argumentar, falar, mastigar.

É incrível como em um dia combinamos futuros cinemas, uma semana depois nem falar eu consigo, volto a um estágio de depedência enorme. Dois meses, dois meses que prometem testar minha paciência de Buddha.

Enquanto não passam estes dolorosos dias, vou tomar uma vitamina de proteínas e passar umidificador de lábios.

terça-feira, 10 de março de 2009

Viver

Dia de brilho.

O mundo é meu,

O céu meu limite.

O homem presunçoso. Acha que é dono de tudo.

Alegrias momentâneas de um sorriso não tão mais belo.

Milhões de quilômetros, anos luz, big bang.

Basta você mesmo para acabar consigo.

Seres fragéis.

Ego como calcanhar de Aquíles.

Nem viver nas marolas,

Tão pouco nas tormentas.

Viver nas águas agitadas, porém seguras

De uma paixão bem vivida.

Viver nada melhor.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Até Breve

Certos tudo vivem em paz. Sem após.

Sem anos.

Cem olás felizes.

Paz, pais.

Vida reclusa no peito aberto

De minha vida.

Na escola interior que eu faço,

De certo, sozinho.

Passos a frente ecoam caminhos 

Já andados.

O futuro não faz estardalhaço.

O silêncio é inerente à surpresas.