quarta-feira, 27 de agosto de 2008

De Bolso

Mesmo aos vinte anos já me tornei um velho jovem convencido que não mudo mais. Ao menos não muito. A velha história do pau que já nasce torto, no caso o pau que já ficou torto e está quase inflexível.

Há pelo menos uns sete anos que todos os dias arrumo os objetos dos meus bolsos do mesmo jeito. Sim, é uma mania intratrável. Celular no bolso esquerdo, chave no direito e carteira no lado direito atrás. E se não estiver assim eu não consigo sair de casa e fico totalmente desorientado procurando as coisas mesmo que estejam comigo.

Das coisas mais banais as mais radicais percebo que sou uma pessoa com manias e hábitos que já em mim habitam faz muito tempo e não estou pretendendo parar. O meu shampoo, o mesmo shampoo há no mínimo cinco anos, só gosto e só meu sinto feliz com ele, sendo que nem para o meu tipo de cabelo ele é.

Todos os dias há cerca de dez meses acordo para o meu trabalho, mas não é um acordar qualquer. Toca o primeiro despertar às 5:10 da manhã, logo em seguida ponho para às 5:15, e porque não por logo direto às 5:15? Devido ao simples fato que não teria mais cinco minutos e os cinco minutos adicionais tem o seu valor quando não se tem tanto. Vou ao banho, escovo os dentes, me arrumo e olho no relógio todo os dias o mesmo horário de sair: 5:29. Saio de casa e encontro as mesmas pessoas que na rua caminham, o sr. do pães, o tio do jornal e os mesmos senhores que caminham de modo aeróbico de manhã cedo e mais recentemente encontrei uma senhora com quem convivi no mínimo há dez ano atrás e ela me reconheceu, em meio as brumas da madrugada, andando nas vazias avenidas de belém. E olha que mudei muito em dez anos.

Ao trabalho todos os dias levo as mesmas coisas, os seguranças já sabem o que carrego, alíbi perfeito se eu fosse um ladrão, o que não me convém. Todos os dias arrumo-me do mesmo jeito: tiro os alargadores, ponho calça, cinto, talco, meia, talco, sapato, blusa, água no rosto, gravata e crachá. Doze minutos é todo o tempo que levo para me arrumar, e de novo chave esquerdo, celular direito e carteira direito atrás. Meus queridos bolsos.

Assim levo a vida, todo dia um dia novo, mas sempre moldado nos meus velhos hábitos de um velho jovem de apenas vinte anos. Que consegue imaginar sua velhice e estes mesmo hábitos, até em sua biografia póstuma:

'O velho Luiz, passou anos com o mesmo shampoo, e sempre colocando seus pertences no seu bolso com a rigorosidade de quem tem aquilo como algo sério. Todos os dias sempre fez tudo igual, mas nunca viveu a mesmice do mundo. Luiz Moraes, Luizinho para a família e low para amigos intímos, viveu da rotina uma nova aventura todos os dias. Fiquem em paz, L.Moraes.'

Sim, toda biografia póstuma tem que elevar o já falecido a um grau de eloqüência e intelectualidade altíssimo, afinal ele já se foi e agora vamos dar a ele seu real valor.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sou Maria Luiza

Muitas saudades me invadem, daquelas que apertam o peito.
E me deixam sufocada por um longo e tortuoso segundo.
Saudades que eu amo sentir, saudades que me fazem feliz,
Porque eu amo amar, mas ao mesmo tempo querem tirar deste peito,
Este aperto que faz mal, um aperto que é só amor prejudicial.

Aperto que quando for embora,
Sairá gritando eu te amo aos quantro ventos, aos sete mares,
Às sete maravilhas. Um 'eu te amo' para cada obra de arte do Louvre,
Um eu te amo para cada dia com você e dez eu te amos para cada dia sem.

Sinto saudades.

Amo saber que choras por mim, contudo, não posso chorar com você.
Meu homem causador de intrigas e dores da mente feminina.
Diz que estás comigo, me beijas, me faz feliz,
Me troca por uma pássara da noite. Te amo e sofro por ti.
Tudo que quero é um telefonema seu, um 'desculpa'
E 'vamos recomeçar'.

Sou mulher forte resistente, entratanto possuo sentimentos.
Não sou fim de festa, tão pouco etílica, sou real e amavél,
Como todas as outras, a única diferença de verdade é que te amo,
E quero-te de volta.

Não sou pássara, não sou fugaz,
Sofro porque quero, beijo porque amo, choro porque existo e sou de sentimento.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Culinária Universal

Estava apreciando uma obra de um grande artista o qual sou fã: Vladimir Kush. Pintor russo, nascido no meio da década de 60, grande influência surrealista, conhecido como o 'Dalí moderno', tem como destaque imaginar situações improváveis em locações possivelmente reais, a brincadeira com o absurdo incrivelmente exposto no cotidiano. Sou declarado seu fã.

Em uma obra sua, uma de minhas favoritas, se é que posso escolher uma, ele mostra o pôr do sol no horizonte atrás do oceano. Mas o que chama atenção são as cascas de ovo que estão ao redor, dando a impressão de que o Sol é uma enorme gema.

Isto me fez refletir sobre a existência do espaço, universo e galáxia. Certo que o universo não se resume a nossa Via Láctea, mas tendo que adptar meus devaneios, pensei o universo sendo mesmo um ovo que se partiu, ao invés de um enorme big bang. O Sol seria nossa gema, no caso o centro de tudo, visão antiga e medieval, entretanto tinha de embasar em algo a linha de pensamentos. O resto, a enorme massa densa e escura seria a clara? Não sei ao certo, mas acredito que sim, todavia a pergunta que me faço é de onde os planetas saíram?

A anatomia do ovo não me permite mais deduções. Entretanto como este ovo foi preparado na 'frigideira do universo' pode gerar algumas outras explicações, no sentido de que o ovo do universo é estrelado, levando em conta não mais o ovo e sim seu modo de preparo. Resumo de devaneio: o universo é um ovo dependendo do referencial.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Não Se Sabe

Todos temos um estilo próprio. Estilo de vestir, falar, agir, alguns aspectos que nos formam cidadões, características próprias que formam nosso caráter e nos fazem certas vezes previsíveis. Somos a reunião destes, entretanto, logicamente, temos algumas idéias ou ideais que não são externados e fazem parte do que podemos chamar de alter ego para melhor entendermos.

Você tem um jeito próprio de viver, de falar, escrever, mas existe algo em você que pensa diferente, totalmente diferente, é seu oposto, todavia ainda é você. E você não se confunde, você sabe que isto é apenas uma parte de você que está escondida. Talvez nem escondida seja, apenas algo menor.

A exteriorização desta sua mínima parte que diverge do seu eu conhecido, faz com que as pessoas não entendam suas atitudes, pois é totalmente diferente do comum conhecido e já visitado. Mas a busca por algo novo sempre levará a mais erros que acertos, o que é normal, não estranhem a insensatez de certos atos, pois eles são resultados de uma busca por um novo eu. Tentativas de transformar esta mínima parte em algo que possa somar em minha personalidade definitiva e não apenas algo que se esconda em meu pré consciente.

Por isso vou errando, assustando, confundindo, fazendo certas coisas que nem parecem ser feitas por mim. Mas estou na fase de experimentar e descobrir o que realmente sou ou pretendo ser, logo erro com orgulho de estar errando para aprender.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O Parto

Nasce enfim aquele verde
Do som cítrico e visceral
Reluz através do estilete
Mostrando o real e mortal.

Sabor de roxo envelhecido
Como soam todas as coisas novas
A velha história do anjo caído
A maçã das mulheres pecaminosas.

Vermelho como a música
Barulhento como a dor
Infeliz visão deste odor
Que faz desta mulher a única.

Enfim nasceu seu caráter
Prematuro, tentativa de aborto.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Tom Do Viver

Tem certas palavras que soam de um modo muito agradável e tantas outras que saem soando como um furadeira ou um cortador de azulejos. Luiz Fernando Veríssimo tem uma crônica sobre isto e pode dissertar a vocês muito melhor que eu sobre o tema em questão. Palavras que saem super belas da boca, gostosas de pronunciar e outras que se arrastam pelo canto da boca até saírem por fim.

Mas tem palavras que soam bonitas ou importantes dependendo de como são ditas. Existem palavras extremamente vulgares e impróprias para o dia a dia comum, que se ditas de um modo certo, podem ser usadas em qualquer contexto, todavia o mesmo acontece com qualquer outra palavra por mais bela e sincera que seja. Ao ser dito sem vontade ou de modo pouco convincente pouco importa a realidade do sentimento por trás.

Um eu te amo pode ser horrivelmente cruel de ser escutado, não importa o quanto ele é sincero, por isso conversas on line se tornam tão complicadas. Não existe a voz, o tom que determina como aquilo é dito. Ser irônico ou sarcástico na internet pode ser uma grande perda de tempo e ainda tem o fato que vais parecer idiota.

Por isso não é o que dizer e sim como dizer, jargão antigo, mas de uma verdade imutável.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Coletivo Mix

Mundo virtual. Mundo nem um pouco real. Mundo bem divertido, onde podemos ganhar poderes, sermos mais poderosos a cada fase e viver do jeito que queremos. O único contra tempo são os chefões que temos de enfrentar em cada passagem de uma etapa para a outra.

Viver nas mesmas músicas, mesmos cenários, mesmos participantes. Melhor ainda quando podes escolher seus amigos que o vão ajudar nesta empreitada. Quando eles te ajudam, te erguem, comem com você, ganham com você e sorriem com você. Estes são verdadeiros primos.

Semana inteira de jogatina. Todos os dias uma fase diferente, entretanto sempre com os mesmos protagonistas. Cada vez um nível mais alto de amizade e de aventuras, com tantos balões para decorar nosso cenário e sempre o mesmo som pra ser fundo musical.

Why does it always have to end...Esta pergunta eu me fiz ontem quando tudo acabou (em termos), chegamos ao fim desta fase (ou semana?). Mas fechamos com chave de ouro, vencemos o chefão com muita união, alegria, risadas, um pouco de suor claro, mas o Batman estava lá pra fazer tudo mundo muito mais feliz. Na verdade o Batman gerou um sorriso tão grande quanto o do coringa.

Valeu por esta semana cheia de mix, cheia de tudo. Aniversários, tocas, cinemas (???). Passeios, cantorias, música, amizades novas, velhas, missões e a certeza de que tudo vai ser cada vez melhor.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Boa Noite

Chove tanto. Os pingos caem em várias direções, não sei se devido ao vento ou por vontade própria. Também não sei se são eles mesmos que escolhem suas cores ou a sua morada nebulosa que determina se estes serão verdes, estes azuis, estes amarelos e outros roxos.

Cada toque ao chão destes mínimos pingos, faz passos de elefante serem suaves como a voz de um anjo. Mas não é um som ensurdecedor, é algo que é possível conviver após os primeiros dez minutos de chuva, quando o susto é maior que o barulho.

Odeio quando chove, porque os pingos deixam tudo manchado, as suas cores são bonitas no ar, mas na parede da casa sempre são problemas. Ainda mais porque creio que eles começam a corroer a parede, pois toda vez que eles caem minhas paredes começam a se desmanchar.

Amo quando chove. As cores lá fora me fazem muito bem. E na verdade até consigo dormir com tantas coisas e cores acontecendo, isto nunca foi um problema. Amo dormir com uma caléidoscopio pessoal.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Fã De La Vida

O que eu gosto, é divertido e atencioso, e parece confiável, dá pra saber que ele tá feliz e tal. O outro, tem uma nuvem negra na cabeça e é estúpido e individual, parece a pessoa mais distante do mundo, que eu tenho até medo de trocar alguma palavra porque eu não sei qual será a reação.


E tu não faz nada para as coisas acontecerem?


Eu não sou de ficar atrás de nada nem gosto que esperem coisas de mim, eu sou fã da vida do jeito que ela é: aos acasos e os tantos desencontros que Vinicius previu.


As coisas acontecem e sempre vão acontecer. Mas eu não espero nada sabe, sei-lá, um dia esperei, e hoje as coisas acontecem, se quero que aconteçam corro atrás, se não eu vivo.


A vida é cheia de descrições, mas tristemente as mais verdadeiras te escancaram de modo a te deixar imperceptívelmente avariado, à ponto de encarar o quanto a sua maldade e individualidade está aos olhos de todos, totalmente às avessas do que imaginavas. Escondido onde tu somente achavas que eras capaz de rir de suas maldades, aparentemente invisiveis à primeiro olhar, entretanto, cruelmente as pessoas sabem que você machuca à todas.

Mudas

Deveras cair nas luzes
Luzes da cidade onde me espelho
Estilhaços de realidade
Na foma chapada de minha mente

Noites escuras azuladas
Enevoadas de modo irlandês
Metades de mim ao chão
Incoerência na noite pagã

Vontades que são negadas
Atos contrariados próprios
Merdas ao vento sem volta

Réu de culpa irreparável
Fim de pior motivo óbvio
Já deu! Chega de não afirmativos.