quarta-feira, 30 de abril de 2008

Prefácios De Um Epílogo - Pt. 3- O resto

Pequenos sons de passos. Sons que pertencem aos meus pés. Unicamente a eles. Eles ecoam com tanta precisão e secura que aumentam ainda mais a solidão deste caminhar. Andar julgado como solitário, mas para quem tem a solidão como parceira, isto é redundante.

Olhos nas paredes dos antigos sobrados arruinados. Incrustados de histórias, estórias, contos, mitos, vida e cultura. Mas é o mofo em conjunto com o alto grau de umidade que chama atenção. E acabam pro esconder tudo isto, cobrindo anos, séculos de vida.

Preciso de uma companheira! “Porque acabo sempre pensando nisto?”. Não estou triste, só cansado de tantos galhos. O ato de ficar pulando me cansa e tira o valor das coisas. Não escolhi esta vida. Estou sempre com gente ao meu redor, mas estou sem quem realmente importa. Não quero casos, tão pouco viver de acasos. Quero em si: conversas, inteligência, o resto é igual sempre, o amor que vai te levar ao resto é que importa. Isto faz o resto ser algo mais.

Hei de mudar. Esta é minha derradeira noite, onde os meus passos são meus melhores amigos. Onde janelas se tornam o meu colírio.

Não deixarei janelas nem passos. Continuarei andando. Agora pensando nela, olhando através de janelas procurando nas nuvens o seu sorriso. Passos hão de ecoar no caminho de volta. A esperança é fundamentada na razão de desta vez os passos a ecoarem soem como mais de dois. O resto é vida.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Prefácios De Um Epílogo - Pt. 2- Vida

As janelas do meu trabalho. Que belas janelas elas são. Quatro janelas, cada uma com uma visão diferente. A minha favorita é a que fica bem na minha frente, que me dá o prazer de olhar o Theatro da Paz. Janelas que me fazem passar o dia e olhar como ele vai ser, me sinto responsável por verificar o tempo. Sempre cobertas por persianas, que as vezes se abrem, as vezes se fecham. Ser uma janela é viver neste impasse. Fecham-se as cortinas, as persianas, os blecautes. Janelas não são filtros, trespassam tudo o que estiver de um lado ou de outro. São transparentes, como deveriam ser muitos de nós. São transparentes, quase invisíveis, como nunca deveriam ser algumas pessoas.

O olhar pela janela não é qualquer olhar. É aquele olhar sem expectativas, é a busca por algo que nem sabes o que é. Não esperar nada, mas buscar tudo. Ah que belas janelas. Melhores só sendo largas, panorâmicas. Solitárias. Frágeis. Assim se define nossa amigas de vidro. Elas não se misturam, não se unem na prática. Mas quatro janelas não seriam o que são se fossem muito distantes.

Vejo nuvens e mangas. Escuras e verdes. Pessoas e bares. Andando e do parque. Se janelas posso ver, será que se acostumariam em nada ver as janelas, se estas tivessem visão? Não somos transparentes, mas talvez invisíveis a certos olhos. Seriam estes se olhos as janelas tivessem?

Assim vai meu dia. Olhos na janela, esperando que um dia ela me mostre algo mais que o Theatro da Paz, nuvens escuras e mangas verdes.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Prefácios De Um Epílogo - Pt. 1- Nascimento

É de madrugada, um dia de semana qualquer. Acordo com um susto. Pesadelo! Mas não lembro o que sonhara. Coração em arritmia, boca seca, sem voz. Só. Assim viemos e assim seremos. Nós somos daqueles que vivem só; falta de apelo ou sentimento não é problema, a falta de compreensão com a ausência de possessividade é um problema, para os outros. “O ciúme é um mal de raiz”, ou você o corta ou poda para nunca tomar lugar do amor. Procurando algo. Não encontro. Onde está o maldito.

Sexo, drogas, álcool e boa música, um elixir para começo e fim de vida. Tentar se matar nunca será coragem. O limiar que separa coragem e suícidio não é tão próximo quanto as pessoas acreditam. Coragem é meter a cara na rua. Tentar assumir papel perante a sociedade. Cadê? Busco o que nem sei. E tenho dúvidas sobre o que sei. Gavetas de meia, embaixo da cama. Parada de ônibus, atrás do armário, não sei onde está, acho que nem sei o que é. Mas algo diz que tenho de buscar. Eu sei que está lá fora.

Já é dia. Não tenho sono apesar de ter dormido tão pouco. Tenho de ir trabalhar. Tomar banho, o café com pouco açúcar e ir a labuta.

Abrir a porta e dar o primeiro passo para fora. Claridade que faz minhas púpilas, ainda dilatadas pelo sono, quase entrarem em colapso e enfim eu ter de realmente usar óculos e não mais me enganar. É isso. Mais um dia de uma rotina tortuosa, onde nada vai acontecer. Irei ao trabalho com a única certeza de ver minhas janelas.

sábado, 26 de abril de 2008

Cartas Na Mesa - Gotas Ao Chão

- Tu és e sempre serás a minha chuva depois do almoço! - disse ela.

Ele ficou feliz, pois ela entendera o que ele quis dizer.

Ele tinha dito um tempo antes que a amizade deles é uma chuva depois do almoço. Nunca vai mudar, pode chover mais ou menos. Pode até não vir. Mas quando chegar nunca é estranho, nunca é uma surpresa. Pode até não ser freqüente, mas o sentimento é sempre o mesmo quando ela chega.

- Algumas pessoas deixam marcas na sua vida, mas há pessoas que viram marcos!

Estranho ele pensou. Um relacionamento nada mais é do que um relação de amizade com um grau de intimidade bem maior. É para ser a suprema amizade. Mas não cobramos tanto, nem brigamos por besteira com amigos; o ato de se relacionar já carrega em si brigas idiotas, besteiras que não hão de levar ninguém a lugar algum, a não ser o fim. Ele pensou nisto como nunca pensara em nada antes.

Deitado em casa pensando como ele conseguiu. O teto nunca lhe pareceu tão familiar. Era de um branco envelhecido, onde se projetavam sonhos. O travesseiro parecia, sim, feito de nuvens, as cores vibrantes de sua cama dão o ar lisérgico em tudo. A decoração branco com tabaco para equilibar. Como ele fez? Ele finalmente chegou.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Remexendo No Baú De Memórias

À quem me inspirou em tantos relatos, letra de música e deu título e forma a este que segue abaixo. Obrigado B.Brelaz. Pela idéia, ânimo e criatividade.


Eu já me joguei na piscina sem saber nadar; já fiz natação, judô, karatê, basquete e futebol; fui no Insano no Beach Park duas vezes; ja fumei no banheiro do colégio; sei que fumar é ruim e não aconselho a ninguém fazer o mesmo, mas não proíbo ninguém de fazer nada; eu nunca fiquei de recuperação; eu sou tímido com mulheres; já chorei por amor; já contei quando traí; já chorei quando terminei um namoro; já menti pra sair do lado de namoradas; já fiz músicas pra que amei e pra quem nem conheço; já toquei estas músicas ao vivo; já dividi mulher com amigo; já chorei em despedida de intercâmbio; já roubei o carro da minha mãe e bati; até expulso de casa já fui; já dormi na soleira da porta.
Eu já quebrei a cabeça; eu já dancei Fanstasma da Ópera e fui o Raoul; comprei brigas de amigos; dormi em cinemas; já bebi até ficar louco com meu pai; já viajei sem lugar pra ficar; já dei presente criativo; já esqueci de datas especiais; já magoei pessoas que não mereciam; já fui frio com quem só me deu amor; eu já corro atrás de sonhos; Eu aprendi a conviver comigo mesmo.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Amanda

Amanhã vou cantar à saudade.
Àquela toda liberdade para chorar por amor.
A quem partir o tempo é fiel e solidário,
A quem fica é o engenheiro do seu calvário.
Doce menina manda, de soslaio me tocastes,
Frontalmente me embestei, ensimesmado com você.

Hei de ter saudade,
Nova companheira que não me deixa te esqueçer.
Hei de ter vontade de te fazer eterna
Ver todo amor crescer.

Todo dia me apaixono.
Toda manhã nasce sem amor,
Ao te ver sinto todo este furor
Que só anda ao seu lado.
Toda tarde se torna mais simples,
Mais completa do que se faz necessária.
A saudade me ronda, me faz mal.
Nem sumistes e temo te ver menos.

Pura manda no andar.
Nem sabe o que é,
Humilde que só ela.
Procura coisas que já tem,
É humilde que só ela.
Procura paixões quando já tem uma.

Ela procura amor,
Todos correm a seu socorro.
Mas mal ela sabe que há quem a ame.
Ela nunca há de saber,
Pois coragem e amor não são alma gêmeas neste caso.
Eles procuram amores para ela,
Mas ninguém vê.
Que ela é o amor da vida dele.

domingo, 20 de abril de 2008

Aromas

Ela é daqueles que eu consigo esqueçer, entretanto eu não quero, eu gosto de me amarrar neste sentimento. Eu sei que todas às vezes que eu a vejo algo me balança, algum sentimento tentar falar mais alto, eu sinto algo crescer no meu peito em direção a boca, mas eu consigo, involuntariamente, fechar minha boca e não dizer nada, guardar tudo o que poderia fazer a diferença para mim.

Sei que poderia não mudar nada, é algo que pode não ser muito importante para ela, mas é fundamental para mim. É em cima destes sentimentos já não tão mais vivazes, entretanto vivos, que sigo hoje em dia.

Ela é daquelas que o cabelo voa na direção do vento, para o seu rosto ficar exposto; é daquelas que sorri e você acha que naquele momento tudo está onde deveria estar, é um apaziguador de tudo; quando seus pés tocam o chão é difícil de saber quantos passos ela está dando, pois ela pareçe deslizar; suas mão tem a beleza de pequenos raios de Sol, cada dedo uma luz intensa, que a qualquer toque te faz embestar; seu perfume parece tão natural que é difícil depois viver sem ele, acredito que ele já pertença à natureza. A cada conversa, quando esta pode acontecer, me sinto leve, tranquilo pra dizer as besteirinhas de quem ama, mas suficientemente sensato pra saber parar.

Ela é daquelas que algo no fundo do seu peito diz para você ir, para você arriscar todas as fichas. Mas a beleza é tanta que você se sente preenchido com o mais sorrateiro olhar. A vontade que dá é apenas de dizer que ela tem uma canção, feita por alguém que ama ela, e que foi feita com tanto zelo e carinho. Mas não há pressa, você sabe que, um dia quem sabe, será extramamente feliz com ela, entretanto não há pressa pois como já foi dito por quem entende de vida "não se afobe não que nada é pra já, amores serão sempre amáveis". A vida já é por demais curta. Viva cada momento com calma e sem pressa, pois nós só temos essa pra viver. E não adianta passar por ela a 15o km/h e não ver nada que está a nosso redor.

Nada melhor que viver devagar; nada melhor do que sentir cada momento, não como o último, mas como o mais valioso; ter na vida a certeza de que se você ama alguém, alguém deve lhe amar; lembrar que beleza é fundamental, mas viver ao lado de um pau oco, não há de valer nada; saber que seu amor está nas mãos certas; saber que quando sentir aquele perfume seu coração vai acelerar e quando fechar seus olhos tudo vai passar como uma película na sua frente, pois aquele perfume carrega muito mais que sentimentos, muito mais que memórias, carrega um pouco de você e da sua mulher amada.

Existem perfumes na vida de todos que nunca mais serão apenas odores. Perfumes que se passados de olhos fechados você se transporta para outra época e situação. Perfumes passados, presentes e futuros, perfumes que nos seguem e nos seguirão. Perfumes da casa dos seus avós, da roupa de cama que usam na sua casa, da cozinha, até do cheiro dos copos que já usamos. Daqueles presentes que ficam escondidos, daquelas caixas que você já ganhou e hoje são apenas obras de arte da sua vida, expostas apenas para apreciação, não podendo ser tocada nem manipulada, quiçá ser fotografada. São coisa muito frágeis, já não possuem o ciso de quando você as ganhou, hoje são reliquías, sem tanta força para se defender.

Sentimentos que nunca voltarão, sentimentos que se perdem a cada dia, sentimentos que brotam a cada dia, mas não temos como escolher os que brotam ou os que se vão. Infelizmente estamos a mercê de sentimentos que são administrados por nossas atitudes e não por nossas vontades.

sábado, 12 de abril de 2008

Saco & Sacola

Saco, sacola, não sei se é mundial este costume, mas no Brasil, ao menos em Belém, todo mundo gosta de guardar sacos e sacolas. De supermercado então. E todo mundo reutiliza para todos os fins: sacos na lixeira; trazer roupa suja ao regressar de alguma viagem, se for sacola de loja, é para levar outras roupas, carregar papéis, enfim somos uma sociedade de natureza já sacoleira.

Lembro que esta semana estava em mais uma epopéia da viagem de ônibus até a Unama BR, quando entrou no ônibus uma moça linda, destas reais, uma beleza que faz você se sentir confiante que um dia você pode ficar com alguem como ela. Diferente das belezas monumentais, que fazem você ter até medo de tentar algo. Ela era branca e delicada como um lírio, cabelos castanhos e lisos, quase como uma seda, olho profundo com ar de perdido, daqueles mulheres que sabem do se fazer ser mulher, de todo aquele amor sofrido. Olhava sem maldade, mas mantinha todo o controle daqueles olhos que se cruzavam com os seus.

Ela realmente chamava a atenção dos outros que estavam no ônibus. Mas além da sua beleza o que me chamou atenção foi outro motivo. Ela estava de pé, há alguns passos de mim, com uma enorme bolsa, cadernos e uma sacola, como o ônibus estava lotado ela não tinha como dar conta de segurar todos estes objetos, e uma simpática senhora que estava sentada se ofereceu para segurar suas coisas. Ela deu os cadernos na mesma hora, mas quando a senhora disse que seguraria a sacola, por sinal sacola de um rosa chocante, ela se negou com um medo de que alguém pegasse naquela sacola. Eu como um excelente voyeur de trasnportes coletivos, logo botei-me a pensar sobre o que poderia conter ali que causasse tanta preucupação em deixar outra pessoa segurar.

Não poderia acreditar que fossem drogas, em uma sacola tão grande. O que uma bela moça, com olhar profundo e perdido poderia esconder em uma sacola rosa chocante como aquela? Depois de articular pensamentos sem conexão, que não faziam sentido nem para mim, fui logo para o lado cômico. Imaginei a príncipio que eram coisas de sadomasoquista que ela utilizaria com seu namorado, e por algum motivo que não estava nos seus planos ela teve de pegar um ônibus com estes aparatos. E com certeza, acredito que se por algum motivo ela entrega esta sacola e a senhora deixa cair, não seria nada agradável o sentimento que ela ia sentir quando caissem chicotes, cacetetes, e tiras de couro. Mas percebi que isso não seria possível pois a sacola não iria comportar um chicote ou cacetete, era grande mas nem tanto. Porém não poderia parar de imaginar o que queria esconder. Mas como né? Nem Hércule Poirot poderia desvendar este mistério.

O que haveria na sacola? Pensei em lingerie, em tudo. Porque o medo de entregar a sacola, se estava tão difícil de segura-lá? E confesso que cheguei a pensar que era um vibrador, isso mesmo, um vibrador, gerador de prazer feminino, uma mulher auto suficiente, igual a Sex in the City. Será? agora fazia mais sentido e isso sim seria constrangedor aos extremos.

Fiquei hipnotizado com a possibilidade de aquilo ser o que imaginava. Atrás da minha lady lírio uma mulher auto suficiente. E o pior estava por vir: fiquei logicamente olhando sem nem desviar o olhar para a sacola e quando enfim pude olhar a marca impressa na sacola vi que ali tinha com certeza algo suspeito. Sensual Girl, infelizmente não consegui ler o resto e não descobri do que se tratava a loja. Quais artigos eram vendidos nesta bendita loja, que fez uma linda moça ir até lá comprar algo que agora ela esconde? Sei que, de repente percebi que uma sacola é algo que todos temos. Leia-se segredo ao invés de sacola. Não importa a loja onde tu comprastes este segredo, mas tu nunca vai querer dar ele na mão de alguém.

Quando dei por mim a moça estava descendo, com sua sacola, bolsa e cadernos. Ainda dei a última olhada para o meu lírio formoso, que agora ia embora com o seu segredo intacto, assim como todos os segredos devem ser. Intactos, solitário e pertecentes somente a uma pessoa.

domingo, 6 de abril de 2008

Estrela Guia

Hoje, neste exato momento, nem sei que dia é. Sei que é domingo, que amanhã volto ao trabalho, à faculdade, para a minha rotina, onde tempo não é uma coisa da qual me dou o luxo de ter. Aqui parado na frente do meu computador preocupado se meu hd poderá ser salvo, decidi que queria escrever alguma coisa. Estava com uma idéia sobre Belém ser a cidade do saudosismo tardio, mas antes de botar esta idéia no papel, ou na tela como melhor convir, decidi escrever sobre o saudosismo tardio das pessoas, e não só as belenenses.

O ditado já dizia, só damos valor quando perdemos. Mais cedo ou mais tarde isto acontece, mas não é uma regra, porém há realmente certas coisas que só damos valor quando perdemos, ou então, achamos que estamos dando valor mas no fundo estamos apenas sendo possessivos e egoístas como todo bom ser humano é.

Ruim mesmo é quando percebemos que agora foi. Não tem mais volta. Pode ter todo o egoísmo, possessividade o que for, mas nada adianta, passou. Agora só outra. Vais ter que encarar a vida realmente sozinho. Porque antes, você estava só, mas sabia que ainda tinha com quem contar, ainda tinha aquele porto seguro pois a vida não tinha separado de verdade, porém agora tudo mudou. Acabou, é cada um pro seu lado e apenas aprender a conviver na mesma cidade, e pode se preparar mentalmente pra quando ver seu parceiro com outro, ai sim, vamos sentir se realmente já foi tudo o que tinha para ser vivido. Como disse uma amiga minha, "enquanto vocês ainda tiverem qualquer que seja o sentimento um para o outro não vai ter como se separar, vocês tem que viver tudo, raiva, emoção, ódio, até que nada mais exista e cada um possa seguir seu caminho".

O engraçado mesmo é que isso não é apenas para relacionamentos, é para tudo. Uma época que passou, uma chance perdida. Um grande amor não vivido por medo. Tudo isso se passar e não tiver sido aproveitado ao máximo, irá render uma saudade desnecessária. Uma saudade ruim, não a boa de que foi algo vivido com itensidade e do melhor modo.

Enfim, chego até o fim disto, que nem sei o que é que escrevo, são minhas idéias que às vezes viram conversa de bar, um papo furado, não sei bem definir para que é este blog. Espero acreditar que quando alguém lê isto elas ao menos sejam tocadas e as façam pensar. Porque isto não é um diário é algo que fiz para expor minhas idéias para ver se acho outros que possam vir a compactuar comigo.
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E como explicação ao título, digo que hoje, minutos antes de começar a escrever aqui, abri meu email, logo depois a pasta de lixo eletrônico - sempre leio o lixo eletrônico - e tinha um email da estrela guia, site de esoterismo que vinha com o seguinte assunto: luiz, amar é bom. Quase cheguei a acreditar que era uma mensagem para o meu medo de se entregar, para o meu individualismo que tantas vezes afastaram as pessoas, mas como não sou do tipo esotérico, apaguei o email e vim escrever este relato. E também já tinha dito antes em outro texto, o bom mesmo é se apaixonar, amar é outra história.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Mansão Alvi Celeste

À toda a família Arruda, que sempre me acolheu como um dos seus membros.



É incrível como existem pessoas que você nem teve tanto contato, mas devido a serem parentes ou entes queridos de pessoas que você ama, acabas por sofrer na perda destes também, tanto quanto se fosse íntimo. É uma alheidade pessoal.

Há famílias que lhe adotam e você em contra partida as adota também. Se eu hoje, com 20 anos, sou o que sou é porque sofri várias influências durante minha vida, sou resultado destas. Fazem 15 anos que sofri a primeira grande influência da minha vida. O começo do convivio com minha família adotiva.

Dentro desta conheci eu melhor amigo, que há muito já deixou de ser amigo para ser irmão. Conheci “tios” e “tias” que já viraram “pais” e “mães”. Com eles tive pela primeira e única vez animais de estimação. Inúmeros carnavais na nossa búcolica ilha, e nunca, em nenhum momento, fui tratado com apenas um amigo da família, sempre me senti membro dela. Desde as primeiras “gazetadas” de aula com 5 anos de idade, no escritório do pai de meu grande amigo.

Lembro-me que na minha juventude fiz um curso de desenho e lá conheci uma pessoa que seria meu amigo até hoje, e como se fosse arte do destino lá estava mais uma vez o sobrenome que não é meu mas me acompanha há muito tempo. Assim conheci um grande amigo-irmão-primo. E lá rimos muito sobre um bendito abacaxi.

E com o tempo fui conhecendo cada vez mais esta família maravilhosa. Conheci então o tio-amigo-parceiro, que compôs comigo a maior parodia interminada da história, uma tal de “índia controlada...”. Por sinal, mosqueiro foi onde me acustumei a encontrar esta família, principalmente nos carnavais, na mansão alvi-celeste, que no fundo retrata esta família em si. Alvi, cor da paz, assim qual a sensação em se hospedar lá, assim como a família é tranquila, sóbria e feliz. Celeste, como o céu, bela, exótica e rara. Assim como a beleza de seus corações, sempre unidos como deve ser o coração de uma linhagem perfeita.

Carnavais em mosqueiro. Semana santa em salinas. Imaginando e rindo das pokébolas e escutando sem parar o cd da banda Sevilha. Copas do mundo juntos, em especial a de 2006. Perdemos, mas ganhei em companhias e amizades. Ao lado de um cara de whisky, comemoramos a vida e rimos do epílogo precoce.

Por isso digo, não sei se eles me adotam assim como eu os adotei. Mas onde me chamo, Luiz Alberto Vale de Moraes, poderia encaixar um Arruda facilmente, e mesmo sem o nome, no meu coração o nome Arruda bate há 15 anos sem nunca titubear.

Minha eterna devoção aos Arruda. Minha eterna 2ª família.